domingo, 27 de janeiro de 2013

DIZIMO


A BATALHA DO DÍZIMO

Algumas denominações evangélicas tem concentrado grande tempo de suas atividades de culto na cobrança dos dízimos. Afirmam eles que quem não pagar 10% do seu salário para a Igreja estaria condenado a morte eterna no inferno. Afirmam ainda que quem não contribuir“voluntariamente”com mais ofertas além do dízimo não terá galardão no céu.
Estas denominações se baseiam no texto de Malaquias 3:8
Malaquias 3:8 Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas.
Outras denominações foram mais fundo entrando de cabeça na Teologia da Prosperidade e afirmam que caso você não pague os 10% do seu salário para a Igreja e ainda por cima contribua outras ofertas generosas você estaria abrindo mão de bênçãos financeiras aqui na Terra. Afirmam que Deus não iria abençoar sua vida e você andará para trás, terá doenças, será roubado, seus bens serão destruídos, eles colocaram até os gafanhotos e as 10 pragas do Egito contra a pessoa que não contribuir…
A Teologia da Prosperidade encontra sua “base” em textos como:
Malaquias 3:10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.
E tem como principal texto de exortação a contribuição, uma subjetiva citação de um texto de Paulo na segunda carta aos Coríntios.
2ºCoríntios 9:6-9 E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; Conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre.
Por outro lado, temos algumas igrejas evangélicas que rejeitam totalmente a prática de dizimar. Afirmam eles que dar o dízimo é ir para o Inferno. Já ouvi inclusive de um pastor evangélico que “o dízimo é obra de Satanás na Igreja de Jesus e que Deus vingará Sua Igreja contra aqueles que dão o dízimo.”
Usam como base uma outra interpretação forçada, como a dos que seguem a Teologia da Prosperidade, encontrada em Hebreus 7:
Hebreus 7:8 E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive.
Também usam um texto de Jesus que é bem claro sobre o “deus do dinheiro” (Mamom) no entanto se utilizam deste texto através de uma forma mal empregada:
Lucas 16:13 Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
Qual seria então a verdade? Como agiríamos? Estas dúvidas pairam sobre muitos dos cristãos que gostam de refletir sobre a palavra de Deus como os Bereianos faziam e não querem errar no que tange a um ponto tão delicado da vida cristã e tão antagônico dentre as diferentes denominações evangélicas.
O que devemos saber sobre o dízimo? O que Deus realmente pensa sobre o dízimo?
1. O dízimo é 10%:
Antes de mais nada, temos que afirmar aqui que dízimo é 10%, ou seja, é um décimo do que recebemos. Deixando bem claro, aqui vai um exemplo:  se você receber R$100,00 (cem reais) o dízimo seria R$10,00 (dez reais). Não é 20%, 30% ou 50%. Isto não é uma lei bíblica, isto é apenas uma constatação matemática. Mesmo que fosse uma lei bíblica não poderia ser questionada, mas vai além, qualquer pessoa que sabe um pouco de gramática portuguesa sabe o significado de dízimo.  Não dá para forçar a palavra dízimo e afirmar que ela não significa 10%. Isto sim é uma tremenda mentira com a qual não podemos compactuar. Não precisamos ser cristãos para compreender o sentido real de uma palavra qualquer. Precisamos apenas de um pequeno conhecimento gramatical da língua que falamos.
Portanto, todas as vezes que a Bíblia fala de dízimo, ela está falando literalmente sobre um décimo do total e nada mais ou nada menos do que isto. Vemos igrejas que agora já transformaram o dízimo em 30% do salário. Isto seria trízimo (palavra que não existe) mas não dízimo. Nossa lição aqui neste ponto do artigo é que dízimo é 10% seja ele pago, dado, entregue ou não.
Seria algo desnecessário este ponto do nosso artigo caso todos conhecêssemos bem a língua portuguesa que falamos no Brasil, porém, infelizmente, já existem pessoas humildes que, desconhecendo o português básico, acreditam que a palavra dízimo não é relacionada ao número 10 e aceitam que pode ser 20%, 30% ou até mais. Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesadízimo vem do latim decimus que significa décimo.
2. O dízimo no Velho Testamento:
Na Bíblia encontramos 40 vezes a menção da palavra dízimo, sendo estas em 32 versículos, dos quais 32 vezes está no Velho Testamento em 25 versículos.
Portanto, não está errado afirmar que dízimo é uma prática originária do Judaísmo. Não está errado afirmar que o dízimo é uma das obras da lei que foi imposta ao povo Judeu desde o primeiro homem. Os contrários ao movimento judaizantes adoram esta relação com o Velho Testamento para afirmar que isto é uma prova de que não devemos dar o dízimo, já os judaizantes também adoram esta relação com o Velho Testamento para afirmar que o dízimo é a vontade de Deus, no entanto, esta ainda não é a conclusão deste artigo, não podemos afirmar nada sobre os dízimos nos dias de hoje através do que era no passado, muito menos querer definir a vontade de Deus apenas pela referência de onde aparece a palavra dízimo na Bíblia.
Desde a primeira família da face da Terra temos a prática do dízimo. Lá no início do livro de Gênesis temos o seguinte relato:
Genesis 4:3-5 E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
Exatamente devido ao dízimo e as bênçãos de Deus é que houve o primeiro homicídio da face da Terra.
Ou seja, o dízimo sempre foi a causa de uma Batalha e sempre foi o motivo de brigas dentre os homens. Sempre houve, desde a queda do homem, um sério problema envolvendo o dízimo. Por isto o título deste texto é: A Batalha do Dízimo.
A primeira vez que o termo dízimo é usado na Bíblia está ainda no livro de Gênesis no capítulo 14, já relatando sobre a vida de Abrão.
Gênesis 14:18-20 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
Aqui temos o primeiro relato do termo dízimo sendo usado como a oferta destinada a Deus pelo que recebemos DELE. Abrão o grande Hebreu, que posteriormente veio a ser chamado de Abraão, reconheceu o poder do nosso Deus e ofertou ao sacerdote de Deus conhecido como Melquisedeque 10% do que reconquistara dos bens roubados de Ló e do povo de Sodoma e Gomorra na batalha contra o rei Quedorlaomer (de Elão) e os outros reis que estavam com ele.
3. O dízimo e os Levitas
Ocorre que na formação do povo de Israel, Deus separou uma das tribos para não terem terras, não terem heranças, não possuírem bens ou qualquer propriedade, bem como não plantavam, não colhiam, não cuidavam do gado nem das construções ou das batalhas. Eram eles dedicados exclusivamente a obra sacerdotal e esta foi a tribo de Levi. Levitas são os descendentes de Levi e por tal deveriam ser pessoas dedicadas exclusivamente a obra de Deus, intercessores entre o povo e Deus e representantes de Deus para falar com o povo.
Lembrem-se que naquela época o Espírito Santo ainda não havia sido derramado sobre a Terra e por este motivo não falava diretamente a cada um daqueles que eram do Senhor. Também naquela época ainda não havia a redenção em Jesus Cristo e por este motivo era necessário muitos sacrifícios de animais e obras de santificação para que o povo continuasse a ser abençoado por Deus. O mecanismo de ação do passado tinha que envolver uma série de homens dedicados exclusivamente para o trabalho na casa de Deus para cumprir todos os ensinamentos e leis do antigo Torah (Pentateuco – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
Por isto lemos no livro de Números o seguinte texto:
Números 18:21-23 E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão,
É muito bonito este texto, no entanto, não devemos lê-lo em parte e sim de forma completa. Para quem compreendeu quem eram os Levitas e qual era o seu trabalho, compreendem que Deus proveu o sustento para estes Hebreus para que nenhum deles passasse fome ou necessidades e desistisse da obra para a qual Deus havia separado aquela tribo.
Porém também está claro neste mesmo texto que os dízimos não eram para enriquecimento dos Levitas, ao contrário, fica bem claro neste texto que “no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão“. Ou seja, não era um “bom negócio” aos olhos humanos ser um Levita. Trabalhar na casa de Deus era um trabalho que não renderia frutos terrenos mas sim frutos espirituais e estes frutos espirituais eram para todo o povo escolhido e não apenas para eles que eram sacerdotes.
Por este texto já tiramos uma conclusão para este ponto do artigo. Qualquer pastor que enriquece através dos dízimos e ofertas dadas a Igreja não está cumprindo o que Deus determinou. Vemos alguns pastores que estão comprando mansões, carros importados, iates, aviões, exibem pulseiras de ouro, relógios suíços, ternos italianos e tudo mais que o dinheiro pode comprar através do dinheiro do dízimo dos membros de sua Igreja. A estes podemos afirmar que não estão seguindo os ensinamentos bíblicos, salvo as excessões daqueles que possuem dinheiro de família ou trabalhos seculares paralelos que garantem este poder aquisitivo elevado.
Ser sacerdote (pastor) de Deus não é nem nunca foi um negócio financeiro. Ser sacerdote (pastor) é aceitar o chamado de Deus para uma vida dedicada à ELE que terá muitos frutos sim! Porém os frutos serão espirituais e não financeiros. Caso não hajam muitos frutos espirituais é porque ou aquela pessoa não tinha o chamado ou a vida não está realmente dedicada à Deus. Não podemos de forma alguma achar que fazer um seminário é abrir as portas para o enriquecimento. Se desejamos enriquecer que façamos faculdade de direito, engenharia, medicina, informática, letras… e trabalhemos nestas áreas, ou abramos uma indústria, um comércio ou ainda que inventemos alguma novidade tecnológica que venha a se tornar um grande invento humano, mas nunca pensemos em enriquecer através da obra de Deus. Certamente que quem enriquece através dos dízimos e ofertas dadas à Igreja não estão seguindo o que o Espírito Santo deseja em suas vidas e prestará contas disto perante Deus.
4. O dízimo no Novo Testamento
Voltando então ao dízimo em si e no que este artigo quer falar, que é sobre as pessoas que dão o dízimo e não sobre o destino destes recursos. Vemos que nas 8 vezes que o termo aparece no Novo Testamento 7 delas estão em 6 versículos do livro de Hebreus que é um livro destinado aos descendentes de Abraão, Isaque, Jacó… que haviam se desviado do Judaísmo, mas não eram Cristãos. Este livro tem a particularidade de ser um livro destinado a explicar o Cristianismo para pessoas que ainda não eram Cristãs mas que conheciam bem as tradições do Judaísmo.
A outra menção da palavra dízimo no Novo Testamento está em Lucas 18. São palavras de Jesus!
Lucas 18:10-14 Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este último desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
Este versículo já nos mostra um pouco sobre a visão de Deus sobre o dízimo. A questão principal está expressa aqui nesta passagem. A parábola do Fariseu e do Publicano mostra-nos que Jejum, Oração e Dízimos depende apenas de um único aspecto para ser aceito por Deus. E este aspecto é o coração quebrantado.
Deus é dono de todo ouro e toda prata, tudo pertence a Deus e por isto é que Ele não precisa que paguemos absolutamente nada. Não são nossos recursos financeiros que irão fazer qualquer diferença para Ele.
A questão apresentada nesta parábola mostra-nos que o que importa realmente é o coração da pessoa que se achega à Jesus e não os recursos que esta pessoa entrega.
Vivemos numa sociedade em que o dinheiro e o lucro ocupam o lugar de Deus e das pessoas. Jesus Cristo nos adverte naquela passagem de Lucas 16:13 que é impossível servir a dois senhores, adorando ao mesmo tempo a Deus e ao Dinheiro (Mamom). Mesmo assim, há cristãos que seguem a proposta do mundo (enriquecimento = Mamom). A sociedade materialista e consumista em que vivemos nos ensina a reter, concentrar, possuir, ter, ganhar, consumir, acumular. Somos incentivados a ter corações egoístas e fechados. O Evangelho, ao contrário, nos ensina que só quem é generoso e não tem medo de repartir o que possui está, de fato, aberto para a ação do Espírito Santo em suas vidas por possuir seus corações quebrantados. Por isto é que dar dinheiro para Deus querendo algo em troca é dar para o “deus” Mamom e não para nosso Deus.
5. Igrejas que rejeitam o dízimo
Não é coincidência que as Igrejas que rejeitam o dízimo são as mesmas que possuem apoio oficial de algum país. Ocorre que tanto a Igreja da Inglaterra, quanto a Igreja da Alemanha e a Igreja da Escócia (dentre outras) podem se dar ao luxo de não aceitarem dízimos porque na verdade os recursos para a manutenção de suas estruturas são bancados por gordas contribuições dos governos dos referidos países. Assim, fica fácil condenar o dízimo pois estão recebendo recursos oficiais de países ricos.
Somos totalmente contrários a união igreja-estado. Um de nossos princípios mais caros (princípios Batistas) é exatamente a divisão dentre Igreja e Estado. Não cabe à Igreja como instituição se intrometer no governo do Estado bem como não cabe ao Estado se intrometer na instituição da Igreja. Claro está que qualquer membro da Igreja pode e deve, caso sinta que tem o dom para tal, se candidatar e participar da vida pública governamental de seu país, mas deixando uma coisa separada da outra, assim como todos os demais cristãos fazem com seus respectivos trabalhos.
Devemos abrir um parênteses aqui. O cristão que trabalha numa fábrica deve ser um ótimo funcionário, dedicado, que não se atrasa, que cumpre seus deveres e que não desvia os frutos de seu trabalho. Sendo portanto digno de seu salário. O testemunho de vida cristã está mais concentrado nisto do que em ficar com um rádio aos berros em músicas evangélicas, em desfilar com a Bíblia debaixo do braço, em estar sempre com camisas alusivas à passagens bíblicas ou em tentar fazer pregações todos os dias. Da mesma forma, o político cristão deve seguir o mesmo modelo, ou seja ser um ótimo funcionário público, ser dedicado aos trabalhos públicos, não se atrasar nem faltar as reuniões, deve cumprir seus deveres políticos, deve se esquivar dos devios ou furtos de recursos públicos… sendo portanto digno de seu salário. Também a estes é dito que o testemunho de vida cristã estará mais concentrado nisto do que em ficar com um rádio aos berros em músicas evangélicas, em desfilar com a Bíblia debaixo do braço, em fazer discursos do plenário que em nada acrescentam aos trabalhos daquela casa e querem ser discursos religiosos, bem como não adianta apenas repassar recursos oficiais para instituições religiosas, dar concessões governamentais para rádios e tvs religiosas ou qualquer outra coisa assim.
Podemos afirmar que em todo o Novo Testamento, bem como no Velho Testamento não existe uma única passagem em que encontremos uma afirmação de que dar o dízimo é anti-bíblico. Não existe nenhum ensinamento de Jesus Cristo em que possamos nos basear fidedignamente para afirmar que o dízimo é uma obra de Satanás na Igreja de Cristo, no entanto, gostaríamos de deixar claro aqui que estamos usando o verbo DAR e não o verbo PAGAR e neste verbo é que reside o grande ponto deste artigo.
Concordamos plenamente que PAGAR o dízimo é anti-bíblico, concordamos plenamente que ninguém precisa PAGAR o dízimo nem nada para ser salvo.
6. Igrejas que cobram o pagamento de dízimos
Já tratamos de como são as Igrejas Evangélicas num outro artigo chamado Igreja Perfeita (veja o artigo aqui).
As Igrejas que cobram o pagamento de dízimos estão se baseando em todas as passagens do Velho Testamento para tal. Eles esquecem que o dízimo é parte da Velha Aliança e é apenas mais uma obra da lei. Quem paga o dízimo está submisso a toda a lei do Velho Testamento e assim estão negando a Nova Aliança que nos foi oferecida por Jesus Cristo.
Neste ponto podemos afirmar que realmente é mais sensato a posição de não aceitar dízimos do que exigir o pagamento dos mesmos e que se você não entendeu ainda o sentido real do que é DAR o dízimo, então é melhor não pagar nada.
Infelizmente estas Igrejas que cobram os dízimos são as mesmas que estão apresentando pastores, bispos, apóstolos e até um “pai-espiritual” com sinais visíveis de enriquecimento ilícito através do desvio de verbas dos dízimos e ofertas.
É notório isto e inclusive foi publicado no último final de semana pela Folha de São Paulo um artigo sobre este enriquecimento ilícito. Se pesquisarmos no Google ou no YouTube encontraremos diversos artigos e vídeos sobre as técnicas de arrecadar dinheiro difundidas por estas denominações. Isto também é um absurdo!
A estas podemos afirmar que não estão fazendo conforme a recomendação de Paulo:
2ºCoríntios 6:3-6 Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado; Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, Nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, Na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido,
Estão fazendo-nos escândalo por entre os não cristãos e assim só servem de pedra de tropeço para que outros não venham a conhecer a Jesus Cristo.
2ºPedro 2:1-4 E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo;
Ou seja, Pedro já citava estes falsos profetas que farão negócio com palavras fingidas por avareza. Não existe a menor dúvida que aqui estamos falando de líderes religiosos que querem enriquecer através de falsas teologias como a Teologia da Prosperidade. Vemos claramente que este alerta nos é válido ainda hoje para a manutenção da santidade em nossas igrejas. Portanto, não é lícito cobrar o dízimo e também podemos afirmar que dízimo não irá salvar ninguém. Mas isto não significa que não se pode dar o dízimo! O princípio ainda não é este! Aqui estamos falando dos verbos cobrar e pagar em contraponto ao verbo dar.
7. Verdades sobre o dízimo
a. Dízimo não salva ninguém:
Efésios 2:8-9 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
O dízimo nunca salvou ninguém e nunca salvará. Somos salvos exclusivamente pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É exclusivamente por esta graça que nos alcançou é que podemos ter a certeza de que somos salvos. Não é pelas obras. Afirmar que quem não paga o dízimo está condenado a morte eterna no inferno é afirmar que a graça de Jesus não foi suficiente para nossa salvação.
Dízimo é uma das obras da lei, assim como o jejum, o sábado, o não comer da carne de porco, o não casar com não judeu, o devolver as terras ou qualquer outra coisa que tenha comprado durante toda a vida em anos do Jubileu… tudo isto é Obra da Lei e portanto é uma “boa obra” e deve ser encarada como tal e portanto não é de onde vem nossa salvação.
Não dá para aceitar tal coisa, já que este texto está bem claro que é exclusivamente pela graça é que somos salvos. Afirmar que pagar o dízimo é confirmar a salvação é o mesmo que o Espiritismo afirma que pelas “boas obras” seremos salvos.
b. Dízimo não é obrigatório
A questão é esta. Não devemos obrigar nossos irmãos a DAREM o dízimo e ofertas, no entanto também não devemos impedir que assim o façam.
O dízimo deixou de ser obrigatório quando entramos na Nova Aliança, mas deixar de ser obrigatório não significa que passou a ser proibido. Existe uma grande diferença entre não ser obrigatório e ser proibido.
Não precisamos dar nada para a Igreja para termos nossa salvação, esta já foi comprada com o precioso sangue de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Porém se desejamos agradecer a Deus contribuindo voluntariamente com o que propomos em nossos corações de ser dado a Deus que assim façamos, seja com 1%, 5%, 10%, 50% ou até com tudo que recebemos. Não é uma obrigação, mas pode ser uma forma de reconhecimento do que Deus fez por nós.
Um homem foi processado injustamente, sofreu inúmeros mau-tratos e ameaças de morte, gastou o que não tinha com advogados e chorou muito. Um dia Deus falou com ele e disse para não temer porque Ele estava sobre todas as autoridades terrenas e iria fazer a Sua Justiça prevalecer sobre a vida daquele homem. A justiça veio, o homem se alegrou, recebeu uma gorda indenização por toda injustiça sofrida, no entanto, ele estava tão grato a Deus por ter feito a Sua Justiça que resolveu entregar grande parte deste dinheiro para a obra de Deus. Fez ele assim e muitas coisas puderam ser realizadas através daquela bênção que Deus deu para a vida daquele homem.
Ele não precisava fazer isto, Deus não condicionou nada para abençoar ele. Deus fez a Sua Justiça porque reconheceu o coração quebrantado daquele homem. Como gratidão, aquele homem dedicou a Deus uma contribuição. Notem que este é o caminho que Deus quer. A gratidão pelo que Deus fez em nossas vidas é o que importa, não a quantidade de recursos que dermos.
8. Não é a quantidade de dinheiro que damos que importa
A questão que Jesus veio mostrar-nos é que o ser humano interpretou de forma totalmente equivocada os ensinamentos de Deus no Velho Testamento. Os Judeus estavam seguindo RITOS achando que assim conseguiriam suas salvações. Dentre estes ritos havia um que exigia que os primeiros 10% produzidos deveriam ser dados a Deus. Isto não era questão de escolha, não era questão de gratidão, era um rito que eles sabiam que deveriam cumprir e por isto assim faziam. Desta forma era com pesar, com sentimento de estar gastando dinheiro com coisas sem valor, desperdiçando recursos… que estes pagavam o dízimo.
Nosso Deus que é o Deus de Amor, que criou o homem para ter comunhão com ele, e que depois da queda criou todo um caminho para o homem se reaproximar DELE, viu que os Judeus estavam apenas seguindo uma fórmula ritual de salvação assim como todos os demais povos pagãos de seu derredor.
A verdade é que o dízimo deve partir do CORAÇÃO e não é se você deu R$1.000,00 ou apenas 2 moedinhas que vai fazer diferença. Se você der duas moedas de coração contrito e agradecido a Deus pelo que Ele te deu, esta oferta será muito mais importante do que se você pagar R$1.000,00 com o objetivo de conquistar algo para seu benefício próprio.
Deus não precisa de nosso dinheiro, Ele sempre teve e sempre terá uma solução para o sustento de Sua obra no que se refere as questões financeiras. Certamente se ele cuida dos lírios dos campos e das aves dos céus, mais ainda Ele cuidará de Sua obra.
Quem paga o dízimo está errado, quem dá o dízimo (ou qualquer outro valor) de coração quebrantado é que está certo. Deus vê o coração!
9. Conclusão
Não paguemos o dízimo. Se afirmarem para você que deves pagar o dízimo podes ter a certeza de que isto é fruto de uma volta a Velha Aliança e deves responder que sua salvação depende exclusivamente da graça de Jesus e não de qualquer obra.
No entanto, devemos entender o que era comum na Igreja Primitiva descrita em Atos 4:
Atos 4:32-35 E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.
Entendam que este é o sinal da Nova Aliança com relação aos dízimos da Velha Aliança. A explicação está logo no início do versículo 32: “e era um o coração e a alma da multidão dos que criam“. Ou seja, a questão era o coração!
Tudo se resume a isto!
Portanto, dar ou não dar o dízimo e ofertas não é com o objetivo de pagar algo, não é com o objetivo de comprar algo, nem é por medo de perder algo caso não dê. Não é para colher algo físico ou monetário aqui nesta Terra, nem é para aparecer diante dos demais irmãos.
Dizimar e ofertar é entregar o que você individualmente sente que deve destinar a Deus por tudo que você tem recebido DELE. Dizimar e ofertar é compreender que o que Deus fez por você através da morte de Jesus Cristo representa algo que jamais poderá ser pago com dinheiro humano mas que no entanto, você quer ajudar para que outras pessoas possam também vir a conhecer este mesmo Jesus que te salvo.Dizimar e ofertar é reconhecer que Deus te deu saúde física e mental, emprego, meios de ganhar dinheiro, roupas, comida, inteligência… para que você recebesse seu salário e por isto agradecer a Ele por tudo o que Ele tem feito.
Devemos no entanto estar bem atentos para que os recursos arrecadados sejam destinados realmente para a Obra de Deus e entenda que prédios luxuosos, equipamentos de última geração, carros importados, aviões, iates, mansões… não são obrigatoriamente parte da Obra de Deus. Não que sejam frutos de condenação, podemos ter tudo isto e muito mais, porém não são as necessidades básicas da Obra de Deus. É mais necessário manter um só missionário nos campos do que manter um avião para a locomoção de um pastor/bispo/apóstolo/pai-espiritual para lá ou para cá.
Por este motivo podemos entregar nossas contribuições à esta ou aquela igreja, podemos ajudar a este ou aquele trabalho missionário, no entanto, caso você sinta que não está certo o trabalho realizado por sua Igreja, ore a Deus para que as mentes dos líderes sejam tocadas por Ele ou que Deus te mostre qual outra Igreja você deve congregar.
Talvez desta forma os vendilhões do Templo de hoje em dia aprendam que não se pode agradar a Deus e a Mamom ao mesmo tempo e que se nos concentrarmos demais em dinheiro podemos e vamos receber chicotadas de Jesus.
Da próxima vez que você receber algum dinheiro, reflita em seu coração se existe o desejo de agradecer a Deus por estes recursos. Caso exista, tente ver o quanto você sente que deve DAR. Entregue este valor de coração quebrantado, sem esperar nada em troca e então estará fazendo como Abel fez lá na primeira família da Terra…

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