“Ainda viviam da
FAMÍLIA de nosso Senhor os netos de Judas, chamado IRMÃO DE NOSSO SENHOR DE
ACORDO COM A CARNE” (Eusébio de Cesaréia (263-340 d.C), História Eclesiástica,
CPAD, 4ª Edição 2003, p. 97 – grifo acrescentado).
Os “irmãos de
Jesus”, de que fala a Bíblia, seriam apenas seus primos?
José continuou sem
conhecer sua esposa mesmo depois do nascimento de Jesus?
O que dizem os
comentaristas nas bíblias aprovadas pela Igreja Católica?
É admissível supor
que os irmãos de Jesus, que não criam nele, fossem seus
apóstolos?
Tentaremos encontrar respostas para essas indagações. Usaremos
as seguintes versões bíblicas:
(a) A BÍBLIA DE JERUSALÉM, Paulus
Editora, 1973, 8a impressão em janeiro/2000, rubricada em 1.11.1980 por Paulo
Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. O trabalho de tradução foi
“realizado por uma equipe de exegetas católicos e protestantes e por um grupo de
revisores literários”.
(b) BÍBLIA SAGRADA, Edição Ecumênica,
tradução do padre Antônio Pereira de Figueiredo; notas e dicionário prático pelo
Monsenhor José Alberto L. de Castro Pinto, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro;
edição aprovada pelo cardeal D. Jaime de Barros Câmara, Arcebispo do Rio de
Janeiro; BARSA, 1964.
(c) BÍBLIA APOLOGÉTICA, João Ferreira de
Almeida, Corrigida e Revisada, ICP Editora, 2000, notas do Instituto Cristão de
Pesquisas. [A tradução é o texto da SBTB, a ACF, Almeida Corrigida
Fiel]
(d) BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, Almeida, revista e corrigida,
Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), 1995.
Inicialmente, veremos os versículos que falam dos “irmãos de
Jesus”, extraídos da Bíblia [católica] de Jerusalém:
“Não é ele o
filho do carpinteiro? E não se chama a mãe dele Maria e seus IRMÃOS Tiago, José,
Simão e Judas? E as suas IRMÃS não vivem todas entre nós? Donde então lhe vêm
todas essas coisas? E se escandalizavam dele. Mas Jesus lhes disse: “Não há
profeta sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa” (Mateus 13.55-58; Marcos
6.3-6).
“Estando ainda a falar às multidões, sua mãe e seus IRMÃOS
estavam fora, procurando falar-lhe. Jesus respondeu àquele que o avisou: “Quem é
minha mãe e quem são meus irmãos?” E apontando para os discípulos com a mão,
disse: “Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos, porque aquele que fizer a
vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, irmã e mãe”. (Mateus
12.46-50; Marcos 3.32-35; Lucas 8.19-21).
“Depois disso, desceu a
Cafarnaum, ele, sua mãe, seus IRMÃOS e seus discípulos, e ali ficaram apenas
alguns dias”. (João 2.12).
“Aproximava-se a festa judaica das
Tendas. Disseram-lhe, então, os seus IRMÃOS: ‘Parte daqui e vai para a Judéia,
para que teus discípulos vejam as obras que fazes, pois ninguém age às ocultas,
quando quer ser publicamente conhecido. Já que fazes tais coisas, manifesta-te
ao mundo!’ Pois nem mesmo os seus IRMÃOS criam nele”(João 7.2-5).
“Tendo entrado na cidade, subiram à sala superior, onde costumavam
ficar. Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e
Mateus;Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelota; e Judas, filho de Tiago. Todos
estes, unânimes, perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais
Maria, a mãe de Jesus, e com os IRMÃOS dele” (Atos 1.13-14). Comentários da
Bíblia de Jerusalém: “O apóstolo Judas é distinto de Judas, IRMÃO de Jesus (cf.
Mt 13.55; Mc 6.3) e irmão de Tiago (Judas 1). Não se deve também, parece,
identificar o apóstolo Tiago, filho de Alfeu, com Tiago, IRMÃO do Senhor (At
12.17; 15.13, etc)”.
“Não temos o direito de levar conosco, nas
viagens, uma mulher cristã, como os outros apóstolos e os IRMÃOS do Senhor e
Cefas?” (1 Coríntios 9.5).
“Em seguida, após três anos, subi a
Jerusalém para avistar-me com Cefas e fiquei com ele quinze dias. Não vi nenhum
apóstolo, mas somente Tiago, o IRMÃO do Senhor. Isto vos escrevo e vos asseguro
diante de Deus que não minto” (Gálatas 1.18-20). Comentários da Bíblia de
Jerusalém: “Outros traduzem: “a não ser Tiago”, supondo que Tiago faça parte dos
Doze e se identifique com o filho de Alfeu (Mt 10.3p), ou tomando “apóstolo” em
sentido lato (cf.Rm 1.1+)”.
A Igreja Católica assim se
manifestou em seu Catecismo:
“A isto objeta-se por vezes que a
Escritura menciona irmãos e irmãs de Jesus. A Igreja sempre entendeu que essas
passagens não designam outros filhos da Virgem Maria: Com efeito, Tiago e José,
“irmãos de Jesus” (Mateus 13.55), são os filhos de uma Maria discípula de Cristo
(Mateus 27.56), que significativamente é designada como “a outra Maria” (Mateus
28.1). Trata-se de parentes próximos de Jesus, consoante uma expressão conhecida
do Antigo Testamento (Gênesis 13.8; 14.16; 29.15, etc.)” (Catecismo da Igreja
Católica, p. 141. # 500).
De uma página de apologética católica
na Internet colhemos a seguinte explicação extra-oficial:
“São Lucas
esclarece que Tiago e Judas eram filhos de Alfeu ou Cléofas (Lucas 6.15-16).
Portanto o eram também José e Simão. Mas não Jesus, que sabemos era filho de
“José, o carpinteiro”. Portanto, não poderiam ser irmãos carnais. Por outro
lado, São Mateus dá o nome da mãe deles: “Entre as quais estava... Maria, mãe de
Tiago e de José” (Mateus 27.56). Não se pode confundir esta Maria com sua
homônima, esposa de José, o carpinteiro. São João deixa bem clara essa
distinção: “Junto à cruz de Jesus estava sua mãe e a irmã (prima) de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas” (João 19.25), cuja filha se chamava Maria Salomé. São
as bem conhecidas “três Marias”. Aliás, atualmente os protestantes mais cultos
já nem levantam mais essa objeção” .
Vejamos agora
quais as “Marias” citadas nos evangelhos (Bíblia [católica] de Jerusalém):
NA CRUCIFICAÇÃO
“Estavam ali muitas mulheres, olhando de longe.
Haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, a servi-lo. Entre elas, Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu” (Mt
27.56).
“E também ali estavam ali algumas mulheres, olhando
de longe. Entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e
Salomé” (Mc 15.40). Comentário da referida Bíblia: “Provavelmente, [Salomé] é a
mesma que Mt 27.56 denomina a mãe dos filhos de Zebedeu”.
“Perto da
cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de
Clopas, e Maria Madalena” (Jo 19.25). Comentários da referida Bíblia,
referindo-se “a irmã de sua mãe”: “Ou se trata de Salomé, mãe dos filhos de
Zebedeu (cf. Mt 27.56p) ou, ligando essa denominação ao que se segue, “Maria,
mulher de Clopas”.
NA RESSURREIÇÃO
“Após o sábado, ao
raiar do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria vieram ver o
sepulcro” (Mt 28.1). Comentário da referida Bíblia sobre a “outra Maria”: “Isto
é, “Maria [mãe] de Tiago” (Mc 16.1; Lc 24.10; cf. Mt 27.56)”.
“Passado
o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para
ir ungi-lo” (Mc 16.1-2).
“Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de
Tiago” (Lc 24.10),
Vejamos agora quais os “Tiagos”
citados nos evangelhos, conforme consta do Dicionário na parte final da Bíblia
[católica] Sagrada, item ”b” retro:
1. Tiago – “O Maior (mais
velho), filho de Zebedeu e Salomé e irmão de São João Evangelista (Mt 4.21). era
de Betsaida na Galiléia, pescador (Mc 1.19) e companheiro de São Pedro como seus
irmaõs (Lc 5.10).”
2. Tiago - “O Menor (mais moço), filho de
Alfeu ou Cléofas (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13) e de Maria (Jo 19.25). Foi
chamado “irmão do Senhor” (Gl 1.19), no sentido semita [relativo aos judeus] que
tem essa palavra que pode se aplicar aos primos e outros consangüíneos em linha
colateral mais afastados, e até mesmo aos simples conacionais. Tiago Menor era
primo de Jesus por ser sobrinho de S. José. N. Senhor apareceu-lhe uma semana
depois da Ressurreição (1 Co 15.7). Foi o primeiro bispo de Jerusalém depois da
dispersão dos Apóstolos. O fato de Paulo o ter procurado (Gl 1.19) e de ter ele
feito o discurso final no Concílio de Jerusalém parece provar isto (At 15.13)
Foi morto no Templo por instigação do sumo Sacerdote Anás II, tendo sido lançado
de uma galeria e espancado até à morte (62 depois de Cristo)”
3.
Epístola de S. Tiago – “Uma das epístolas católicas atribuída a São Tiago, o
menor...”
Vejamos agora quais os “Judas” citados nos evangelhos,
segundo Dicionário da Bíblia [católica] Sagrada, item “b” retro:
1.
Judas – “Habitante de Damasco que hospedou S.Paulo (At 9.11)” .
2. Judas Iscariotes – “O Apóstolo que traiu N. Senhor (Mt 10.4; Mc 3.19;
Lc 6.16). Iscariot quer dizer “homem de Cariot”, aldeia de Judá”.
3.
Judas Tadeu – “Um dos doze apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.16; Jo 14.22). É o
irmão de Tiago o Menor e “irmão”, isto é, primo do Senhor (At 1.13); Mt 13.55;
Mc 6.3)”.
4. Epístola de S. Judas Tadeu – Um dos livros canônicos do
Novo Testamento, classificado entre as chamadas “Epístolas Católicas” .
A partir dessas informações surgem algumas indagações:
Primeiro - Os apóstolos Tiago (o Menor) e Judas (Tadeu) são os mesmos
chamados de “IRMÃOS de Jesus” em Mateus 13.55 e Marcos 6.3? Que dizem as bíblias
católicas retrocitadas?
O que vimos foram interpretações
discordantes. A Bíblia de Jerusalém diz nos comentários sobre Atos 1.13 que “o
apóstolo Judas é distinto de Judas, irmão de Jesus”, isto é, não são a mesma
pessoa, ou seja, o apóstolo Judas é uma pessoa e o irmão de Jesus, com idêntico
nome, é outra pessoa. No mesmo passo, diz que o apóstolo Tiago, filho de Alfeu,
não é o mesmo Tiago, irmão do Senhor. Reiterando a sua posição, referida Bíblia
afirma nos comentários sobre Gálatas 1-18-20: “Outros traduzem: “a não ser
Tiago”, supondo que Tiago faça parte dos Doze e se identifique com o filho de
Alfeu (Mt 10.3p), ou tomando “apóstolo” em sentido lato (cf. Rm 1.1+)”.
Por outro lado, a Bíblia Sagrada, católica, como discriminada no início
deste trabalho, assume posição diferente. O dicionário que compõe essa Bíblia
diz que “Tiago, o Menor, filho de Alfeu ou Cléofas (Mt 19.3; Mc 3.18; Lc 6.15;
At 1.13) e de Maria (Jo 19.25), foi chamado “irmão do Senhor”. Diz mais que
“Tiago Menor era primo de Jesus por ser sobrinho de S.José”. Confirmando, diz
que “Judas Tadeu, um dos apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18...) é o irmão de Tiago, o
Menor, e “irmão”, isto é, primo do Senhor (At 1.13; Mt 13.55; Mc 6.3)”. O
descompasso é lamentável, a menos que se configure aí o “livre-exame” – situação
em que comentaristas ou exegetas católicos interpretam livremente os textos
bíblicos sem guardar coerência com a cúpula do Vaticano.
No particular,
concordo plenamente com a Bíblia [católica] de Jerusalém. Os irmãos de Jesus (Mt
13.55 e Mc 6.3, etc.), não foram apóstolos ou mesmo discípulos, pelo seguinte:
a) Os irmãos de Jesus não criam nEle. No registro de João 7.2-5 nota-se
claramente essa incredulidade. Entende-se, também, que Jesus evitou a companhia
deles nesse episódio (Jo 7.8-10). Ao dizerem “para que teus discípulos vejam as
obras que fazes” seus irmãos se excluíram do rol dos seguidores de Jesus.
Ademais, Jesus não iria escolher para apóstolo alguém que não cria nEle.
b) A Bíblia estabelece distinção entre ser discípulo e ser irmão de
Jesus (Jo 2.12; At 1.13-14; 1 Co 9.5; Gl 1.18-20). Por exemplo, em certa ocasião
Jesus estava com seus discípulos em determinado local, e lá fora estavam sua mãe
e seus irmãos (Mt 12.46-50; Mc 3.32-35; Lc 8.19-21).
Segundo, a tia de Jesus – irmã de sua mãe Maria – era Salomé,
mãe dos filhos de Zebedeu, ou era Maria, mulher de Cléofas?
Vejamos
mais uma vez o que relata João 19.25: “Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé
sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena”.
A frase está de tal forma postada que admite duas interpretações. A
primeira é a de que “a irmã de sua mãe” é uma pessoa, e Maria, mulher de
Cléofas, outra. A segunda hipótese é a de que o nome da tia de Jesus é Maria, a
mulher de Cléofas. A Bíblia [católica] de Jerusalém concorda comigo quando diz:
“Ou se trata de Salomé, mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 27.56) ou, ligando essa
denominação ao que se segue, “Maria, mulher de Clopas”.
A Bíblia
Sagrada, edição católica, afirma no seu “dicionário”: “Maria de Cléofas” é irmã
da SS. Virgem Maria, i.e. sua prima, pois em hebraico a palavra tem um sentido
mais lato. Segundo uns seria a mãe de Tiago (o menor), José, Simão e Judas Tadeu
e esposa de Cléofas também chamado Alfeu (Mt 27.56; Mc 3.18; 6;3; 15.40).
Segundo outros são duas pessoas com o mesmo nome, uma, irmã de S. José, seria a
esposa de Alfeu e mãe de Tiago Menor e José; e a outra seria cunhada de S. José
por ser casada com Cléofas, irmão de S. José, e seria a mãe de Simão e Judas
Tadeu. Como quer que seja, uma Maria de Cléofas e uma Maria, mãe de Tiago,
aparecem nos Evangelhos como tendo acompanhado o Senhor até o Gólgota e
preparado os aromas... (Jo 19.25; Lc 24.10; Mt 28.9)”.
Terceiro,
de quem seriam filhos os irmãos de Jesus?
Não eram filhos de
Zebedeu e de sua provável mulher Salomé, porque os filhos destes eram João e
Tiago (Mt 4.21). Ora, os irmãos de Jesus foram Tiago, José, Simão e Judas, afora
algumas irmãs (Mt 13.55-56, Mc 6.3). João está excluído dessa relação. Além
disso, os irmãos de Jesus não criam nEle (Jo 7.5). Logo, João, apóstolo, não foi
seu irmão.
Não eram filhos de Maria, mulher de Alfeu ou Cléofas, cujo
filho Tiago, o menor, foi apóstolo (Mt 10.3; Mc 15.40), e como tal não poderia
ser irmão de Jesus, porque estes não criam nEle (Jo 7.5). Ademais, não consta
que Tiago, José, Simão e Judas, irmãos do Senhor, fossem filhos do referido
casal.
A Bíblia [católica] de Jerusalém é de parecer semelhante
quando diz: “O apóstolo Judas é DISTINTO de Judas, irmão de Jesus (cf. Mt 13.55;
Mc 6.3) e irmão de Tiago (Judas 1). Não se deve também, parece, IDENTIFICAR o
apóstolo Tiago, filho de Alfeu, com Tiago, irmão do Senhor (At 12.17; 15.13,
etc)”. Realce acrescentado. Contrapondo-se, a outra Bíblia, católica, diz que
Judas, apóstolo, é o irmão de Tiago o menor e “irmão”, isto é, primo do Senhor
(Mt 13.55; Mc 6.3). Ou seja, Tiago e Judas, eram ao mesmo tempo irmãos (ou
primos) e apóstolos.
Se os irmãos de Jesus não eram filhos de
Zebedeu, nem o eram de Alfeu, seriam da tia de Jesus, não devidamente
identificada em João 19.25? Não pode ser porque essa tia de Jesus já foi
devidamente identificada pelo catolicismo, ao dizer que ou se chamava Salomé,mãe
dos filhos de Zebedeu, ou era Maria, mulher de Cléofas.
Vamos agora ler o que dizem outros comentaristas a respeito dos
irmãos de Jesus.
IRMÃOS DO SENHOR - “Aqueles de quem se fala em Mateus
12.46 e 13.55, e outros lugares,como irmãos de Jesus, seriam filhos de José e
Maria? Segundo uma opinião que já vem do segundo século pelo menos, esses
“irmãos de Jesus” eram filhos de um primeiro matrimônio de José. Mais tarde
foram, por alguns críticos considerados primos do nosso Salvador. Podem,
contudo, ter sido filhos de José e Maria. Em todas as passagens, menos uma, em
que esses irmãos de Jesus são mencionados nos Evangelhos, acham-se associados
com Maria. Se eram eles filhos mais velhos de José, não seria então Jesus o
herdeiro do trono de Davi, segundo as nossas noções de primogenitura. Eles não
acreditavam em Jesus no princípio da Sua missão, e até, segundo parece (Jo 7.5),
depois que os apóstolos foram escolhidos; e por essa razão eles não puderam ser
do número dos Doze, dos quais, na verdade, eles particularmente se distinguem,
quando num período posterior são vistos na companhia deles (At 1.14). Não devem,
portanto, ser confundidos com os filhos de Alfeu, embora tenham os mesmos nomes.
Além disso, as palavras “filho” e “mãe”, sendo empregadas nesta passagem (Mt
13.55) no seu natural e principal sentido, semelhantemente devem ser tomados os
nomes “irmão” e “irmã” , pelo menos, até ao ponto de excluir o termo “primo”. O
fato de terem os filhos de Alfeu, bem como os irmãos do Senhor, os nomes de
Tiago, José e Judas, nada prova, visto que esses nomes eram muito vulgares nas
famílias judaicas. Estranha-se que não fossem lembrados estes irmãos , quando
Jesus confiou a sua mãe aos cuidados de João; mas isso explica-se pela razão de
que a esse tempo ainda eles não criam Nele. A conversão deles parece ter sido
quando se realizou a aparição de Jesus a Tiago, depois da Sua ressurreição (1 Co
15.7).” (Dicionário Bíblico Universal, pelo Rev Buckland, Editora Vida, 1993).
IRMÃOS DO SENHOR – “Relação de parentesco atribuída a Tiago, José, Simão
e Judas, Mt 13.55;Mc 6.3, que aparecem em companhia de Maria, Mt 12.47-50; Mc
3.31-35; Lc 8.19-21, foram juntos para Cafarnaum no princípio da vida pública de
Jesus, Jo 2.12, mas não creram nele senão no fim de sua carreira. Jo 7.4,5.
Depois da ressurreição, eles se acham em companhia dos discípulos, At 1.14, e
mais tarde os seus nomes aparecem na lista dos obreiros cristãos, 1 Co 9.5.
Tiago, um deles, salientou-se como líder na Igreja de Jerusalém, At 12.7; 15.13;
Gl 1.19; 2.9, e foi autor da epístola que traz o seu nome. Em que sentido eram
eles irmãos de Jesus? Tem sido assunto de muitas discussões. Nos tempos antigos,
julgava-se que eram filhos de José, do primeiro matrimônio. O seu nome não
aparece mais na história do evangelho. Sendo José mais velho que Maria é
provável que tivesse morrido logo e que tivesse casado antes. Esta opinião é
razoável, mas em face das narrativas de Mt 1.25 e Lc 2.7, não é provável. No
quarto século, S. Jerônimo deu outra explicação, dizendo que eram primos de
Cristo, pelo lado materno, filhos de Alfeu ou Cléofas com Maria, irmã da mãe de
Jesus. Esta explicação se infere, comparando Mc 15.40 com Jo 19.25, e a
identidade dos nomes Alfeu e Cléofas. Segundo esta idéia, Tiago, filho de Alfeu,
e talvez Simão e Judas, contados entre os apóstolos, fossem irmãos de Jesus.
Porém, os apóstolos se distinguiam dos irmãos, estes nem ao menos criam nele, e
não é provável que duas irmãs tivessem o mesmo nome. Outra idéia muito antiga é
que eles eram primos de Jesus pelo lado paterno e outros ainda supõem que eram
os filhos da viúva do irmão de José, Dt 25.5-10. Todas estas opiniões ou teorias
parecem ter por fim sustentar a perpétua virgindade de Maria. O que parece mais
razoável e mais natural é que eles eram filhos de Maria depois de nascido Jesus.
Que esta teve mais filhos é claramente deduzido de Mt 1.25 e Lc 2.7 que explica
a constante associação dos irmãos do Senhor com Maria” (Dicionário da Bíblia,
John D. Davis, 21a Edição/2000, Confederação Evangélica do Brasil).
SEUS IRMÃOS – “Não há razão para supor que estes irmãos, tanto como as
irmãs mencionadas (Mt 13.55-56), não eram filhos de José e Maria” (O Novo
Comentário da Bíblia, vol. II, Nova Vida, 1990, 9a Edição).
IRMÃOS DO SENHOR (Mateus 12.46-50) – “Por insistir na teoria da
virgindade perpétua de Maria, o Catolicismo Romano os levou a explicar
erroneamente o sentido da expressão irmãos. Assim, eles acreditam que Jesus não
tinha irmãos no verdadeiro sentido dessa palavra e o grau de parentesco que ela
exprime. No entanto, esse raciocínio não desfruta de nenhum apoio
escriturístico. A Bíblia é clara ao afirmar que Jesus tinha quatro IRMÃOS, além
de várias irmãs (Mt 13.55,56; Mc 3.31-35; 6.3; Lc 8.19-21; Jo 2.12; 7.2-10; At
1.14; 1 Co 9.5; Gl 1.19). A teoria desenvolvida pelos católicos romanos e por
alguns protestantes, que visa defender que Maria permaneceu virgem, é totalmente
fútil. Esse conceito só passou a fazer parte da teologia muitos séculos depois
de Jesus. Seu objetivo, é claro, era exaltar Maria, criando, assim, a
mariolaria” (Bíblia Apologética, João F. Almeida, ICP Editora, 1a Edição, 2000).
Quarto, José e Maria se “conheceram” após o nascimento de Jesus?
A nossa análise terá como base o seguinte registro: “José, ao
despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa
sua mulher.Mas não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o
chamou com o nome de Jesus” (Mateus 1.24-25, Bíblia [católica] de Jerusalém).
A passagem acima diz claramente que José, atendendo ao anjo, recebeu em
sua casa a sua esposa Maria, e foram viver como marido e mulher. Está dito que
Maria foi a mulher de José; que José não conheceu a sua esposa enquanto ela
estava grávida de Jesus; que Jesus nasceu de uma virgem e que José somente
conheceu sua mulher – ou seja, teve relações com ela – depois do nascimento de
Jesus.
Católicos há que contestam o que está escrito na Bíblia, e dizem
que “nas Sagradas Escrituras a expressão “até que” é empregada muitas vezes para
indicar um tempo indeterminado, e não para marcar algo que ainda não aconteceu”.
Não iremos nos estender na refutação dessa tese porque as duas bíblias de início
citadas, aprovadas pelo catolicismo, interpretam corretamente referido
versículo. Vejamos:
“Mas [José] não a conheceu até o dia em que ela deu
à luz um filho, e ele o chamou com o nome de Jesus”: “O texto não considera o
período ulterior [depois do parto] e por si não afirma a virgindade perpétua de
Maria, mas o resto do Evangelho, bem como a tradição da Igreja, a supõem”
(Comentário da Bíblia [católica] de Jerusalém).
Em outras
palavras, os exegetas católicos, que trabalharam na edição da referida Bíblia,
reconheceram o óbvio, ou seja, que [somente] até o nascimento de Jesus, José e
Maria não se “conheceram”. Todavia, dizem bem quando entendem que a Tradição
“supõe”, isto é, o dogma da perpétua virgindade de Maria é uma suposição, não
uma realidade bíblica. O comentário acima coloca por terra argumentos outros não
oficiais, segundo os quais José não conheceu sua esposa nem antes nem depois do
nascimento de Jesus.
Outro comentário: “Enquanto (ou até que): esta
palavra portuguesa traduz o latim donec e o grego heos ou, que por sua vez estão
calcados sobre a expressão hebraica ad ki que se refere ao tempo anterior a esse
limite sem nada dizer do tempo posterior, cf. Gn 8.7;Sl 109.1; Mt 12.20; 1 Tm
4.13. A tradução exata seria: “sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz...”,
pois a nossa expressão “sem que” tem o mesmo valor” (Bíblia [católica] Sagrada.
O que a Bíblia acima está dizendo em seus comentários é que o “ATÉ”
não foi ALÉM do nascimento de Jesus, ou seja, enquanto grávida e até dar à luz
não houve “conhecimento” mútuo do casal.
Concordando com as Bíblias
Católicas, a Bíblia Apologética, usada pelos evangélicos, assim esclarece: “Veja
a preposição “até” em qualquer concordância bíblica e ficará surpreso a respeito
do seu significado. Observe alguns exemplos: Levíticos 11.24-25: “E por estes
sereis imundos: qualquer que tocar os seus cadáveres, imundo será ATÉ à tarde”.
E depois da tarde, eles permaneceriam imundos? Vejamos agora Apocalipse 20.3: “E
lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais
engane as nações, ATÉ que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto
por um pouco tempo”. Assim, a relação existente antes do nascimento de Jesus se
modificou [como se modificou a situação de Satanás após os mil anos de prisão],
não a conheceu até que ela deu à luz. Essa passagem declara que, depois do
nascimento de Jesus, José Maria tiveram uma vida conjugal normal, como qualquer
outro casal. Nenhum autor do Novo Testamento ensina a doutrina da virgindade
perpétua de Maria. Se se tratasse de uma doutrina ou ensinamento vital ou
essencial como requer o catolicismo romano, certamente Paulo e os outros
discípulos teriam mencionado a respeito. Assim resta ao catolicismo romano
apegar-se à tradição, porque a Bíblia não aceita essa teoria (Colossenses 2.8)”.
A expressão “não coabitou com Maria ATÉ QUE nascesse Jesus”
está muito clara. Ligada à fala do anjo que disse a José que RECEBESSE Maria,
sua mulher, ficou entendido que passado o período da gravidez e do descanso
depois do parto, José e Maria, marido e mulher, continuariam uma vida a dois
como todos os casais do mundo. Assim aconteceu, pois tiveram muitos filhos,
conforme está em Mateus 13.55-56. José e Maria constituíram um casal muito feliz
e foram abençoados por Deus. E por ter filhos, por amar o seu esposo, por ter
sido mãe, Maria não pecou nem perdeu a sua santidade. Maternidade e santidade
podem caminhar juntas, sem que uma prejudique a outra. Sexo no casamento não
pecado.
Quinto, houve ordem divina para que José não “conhecesse”
sua mulher?
Se não havia a intenção formal, nem de José nem de
Maria, de viverem sem relações íntimas, embora residissem sob o mesmo teto,
teria havido alguma ordem divina nesse sentido? O leitor deverá ler
cuidadosamente Mateus 1.18-25 e Lucas 1.26-38 para verificar a inexistência de
qualquer tipo de impedimento. A resposta de Maria ao anjo – “Como é que vai ser
isso, se eu não conheço homem algum?” (Lc 1.34) - pode ser interpretada como um
voto de virgindade? A Bíblia [católica] de Jerusalém, em seus comentários,
responde: “A “virgem” Maria é apenas noiva (v.27) e não tem relações conjugais
(sentido semítico de “conhecer”, cf. Gn 4.1; etc.). Esse fato, que parece
opor-se ao anúncio dos vv. 31-33, induz à explicação do v. 35. NADA NO TEXTO
IMPÕE A IDÉIA DE UM VOTO DE VIRGINDADE” (realce acrescentado).
Sexto, o que diz a Igreja Católica sobre o Matrimônio?
a) “Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são
honestos e dignos e a sexualidade é fonte de alegria e prazer” (Catecismo da
Igreja Católica, p. 612, # 2362). Por que com Maria seria diferente?
b) “Pela união dos esposos realiza-se o duplo fim do matrimônio: o bem
dos cônjuges e a transmissão da vida”, pois que “esses dois significados ou
valores do casamento não podem ser separados sem alterar a vida espiritual do
casal” (C.I.C. p. 612, # 2363). Por que com o casal José e Maria seria
diferente? Esses “valores” não diziam respeito também a eles?
c)
“A sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja vêem nas famílias
numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais” (C.I.C., p. 615,
# 2373). Por que Maria não podia ter muitos filhos?
d)
“Exige a indissolubilidade e a fidelidade da doação recíproca e abre-se à
fecundidade” (C.I.C. p. 449 #1643). Por que doação recíproca e fecundidade
deveriam ficar fora do casamento de José e Maria?
e) “O instinto do
Matrimônio e o amor dos esposos estão, por sua índole natural, ordenados à
procriação e à educação dos filhos... e por causa dessas coisas são como que
coroados de sua maior glória” Se “os filhos são o dom mais excelente do
Matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos próprios pais... pois “Deus
mesmo disse: “Crescei e Multiplicai” (Gn 2.18)” (C.I.C. p.452 #1652). José e
Maria não deveriam crescer e multiplicar? Eles não tinham essa índole natural à
procriação?
f) “A sexualidade está ordenada para o amor conjugal entre o
homem e a mulher,e no casamento a intimidade corporal dos esposos se torna um
sinal de um penhor de comunhão espiritual” (C.I.C., p.611 #2360). Por que eles
não podiam?
g) “Por causa da prostituição cada um tenha a sua própria
mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido”, e que “a mulher não tem poder
sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido”; e que “não vos defraudeis
[negar relação íntima] um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum
tempo, para vos aplicardes à oração; mas que “depois ajuntai-vos outra vez para
que Satanás não vos tente por causa da incontinência [ausência de relações
sexuais]”, tudo como está escrito nas palavras inspiradas do apóstolo Paulo (1
Coríntios 7.2-5). A abstinência do casal não estaria fora dos propósitos de
Deus? Lembremo-nos das palavras de Jesus: “Aquele que fizer a vontade de meu Pai
que está nos Céus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mt 12.46-50). Lembremo-nos
também das palavras de Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2.5)
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
1) Lemos em João 2.12:
“Desceu [Jesus] a Carfanaum, com sua mãe, seus IRMÃOS e seus discípulos. E
ficaram ali muitos dias”. Não pode ser outro o entendimento: Jesus com sua
família, a mãe com seus filhos ficaram muitos dias naquela cidade. Não há como
forçarmos uma interpretação que nos levaria a pensar que Maria, não tendo filhos
com José, resolvera criar seis ou mais parentes. Vejam também a distinção entre
“discípulos” e “irmãos”.
2) Quando o termo ”irmãos e irmãs” é
empregado em conjunto com “pai” ou “mãe”, o sentido não pode ser o de primos e
primas, mas de irmãos biológicos, filhos de um mesmo pai ou mãe. Exemplo: “Se
alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs, e até mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”
(Lucas 14.26).
3) Vejamos quais as palavras usadas no grego – a língua
original do Novo Testamento – para designar IRMÃOS, IRMÃS, PARENTES, PRIMOS e
SOBRINHOS, conforme a Concordância Fiel do Novo testamento, dois volumes,
Editora Fiel, 1a Edição, 1994:
Adelphos – Usada 343 vezes para
designar pessoas que têm em comum pai e mãe, ou apenas pai ou mãe; indicar duas
pessoas que têm um ancestral comum ou que faz parte do mesmo povo, ou membros da
mesma religião. Com essa palavra são nomeados os irmãos de Jesus (Mt
12.46-4813.55; Mc 6.3; Jo 2.12; 7.3,5,10; At 1.14; 1 Co 9.5; Gl 1.19; Jd
1).
Adelphe - O termo é traduzido 26 vezes como irmã, indicando
(poucas vezes) a participante de uma mesma fé, e (a maioria dos casos) a filha
de um mesmo pai ou mãe. Foi usado, por exemplo, para designar as irmãs de Jesus
(Mt 13.56; Mc 3.32; 6.3), a irmã da mãe de Jesus (Jo 19.25), as irmãs de Lázaro,
Marta e Maria (Jo 11.1,3,5,28,39).
Syngenis - Usado como o feminino de
“parente” para indicar o parentesco de Maria, mãe de Jesus, com Isabel: “Também
Isabel, tua parenta...”(Lc 1.36).
Syngenes – Termo usado para designar
pessoa consangüínea, da mesma família, ou da mesma pátria (compatriota). Vejamos
alguns dos 11 casos em que o termo foi usado:
Mc 6.4 – “Um profeta só é
desprezado em sua pátria, em sua parentela e em sua casa”. Nota: Quando se trata
dos “irmãos de Jesus”, o termo usado é “adelphos” ou “aldephe”.
Lc 1.36 –
“Isabel tua parenta”. Nota: Se Isabel fosse irmã de Maria (filhas de pais
comuns) o termo teria sido “adelphe”, de igual modo como foi usado em Jo 19.25
para designar a irmã da santa Maria.
Lc 2.44 – “ e puseram a procurá-lo
entre os parentes e conhecidos”.
Lc 21.16 – “Sereis traídos até por vosso
pai e mãe, irmãos, parentes, amigos, e farão morrer pessoas do vosso meio...”
Nota: Muito importante registrar que nesse versículo são usadas as palavras
“adelphos”, para irmãos, e “syngenes”, para parentes. Entende-se que o termo
“adelphos”, quando associado às palavras pai ou mãe tem o natural significado de
filhos carnais.
Anepsios – Usada somente uma vez para identificar o
termo “primo”, na seguinte passagem: “Saúdam-vos Aristarco, meu companheiro de
prisão, e Marcos, PRIMO de Barnabé...” (Colossenses 4.10, Bíblia [católica] de
Jerusalém). Nota: Havia portanto na linguagem grega palavras para identificar
irmãos, primos e parentes. Logo, se Tiago, José, Simão, Judas e mais algumas
mulheres (Mt 13.55-56; Mc 6.3) fossem parentes de Jesus, e não filhos de Maria,
a palavra grega mais correta seria “anepsios” ou “syngenes”.
4)
Gostaria de chamar a atenção dos leitores para o que está em Atos 1.13-14: Tendo
chegado, subiram ao cenáculo, onde permaneciam. Os presentes eram Pedro e Tiago,
João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão,
o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em
oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus
IRMÃOS”.
Entendo que Maria, as outras mulheres e os IRMÃOS de Jesus eram
pessoas distintas dos apóstolos acima citados. Tiago e Judas, IRMÃOS de Jesus,
não estavam incluídos naquela relação. Juntaram-se aos apóstolos naquela
ocasião.
Não me parece justo procurarmos uma mãe para os IRMÃOS de Jesus.
A outra Maria, que pode ser a de Alfeu ou Cléofas, era mãe de Tiago e de José.
Vejam:
“Maria, mãe de Tiago e de José” (Mt 27.56); “Maria, mãe de Tiago,
o menor, e de José” (Mc 15.40); “Maria, mãe de Tiago” (Lc 24.10); “Tiago, filho
de Alfeu” (Mt 10.3; Lc 6.15; At 1.13).
"Ora, os IRMÃOS de Jesus
se chamavam Tiago, José, Simão e Judas." O mesmo cuidado com o que os
evangelistas Mateus e Marcos citaram os nomes de todos os irmãos de Jesus, um
por um, teria usado para descrever os filhos dessa Maria. Entretanto, só foram
citados Tiago e José. E Simão, com quem fica? A Bíblia descreve os seguintes:
Simão, irmão de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3); Simão, chamado Pedro, apóstolo (Mt
4.18; 10.3); Simão, o Zelote, apóstolo (Mt 10.4; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13).
Ainda há outro com o nome Simão, como por exemplo Simão Iscariotes, pai de
Judas, o traidor (Jo 6.71). A Bíblia com muita propriedade identifica cada um
com o detalhe do apelido ou do parentesco. E Judas? A Bíblia diz que Judas,
apóstolo, era filho de Tiago (Lc 6.16). Não há nenhum registro afirmando que a
outra Maria ou Maria, de Cléofas, tenha um filho com o nome de Judas. Entendemos
que o autor da Epístola de Judas seja o irmão do Senhor, como descrito em Mateus
13.55 e Marcos 6.3, pelos seguintes motivos: 1) Ele não se apresenta como
apóstolo de Cristo, mas como “servo” e irmão de Tiago (Jd 1.1); 2) A sua
exortação no v. 17 sugere que ele não fazia parte dos Doze.
Os
dados levantados apontam para o entendimento de que Tiago, Simão, José, Judas, e
mais algumas mulheres, eram realmente IRMÃOS carnais de Jesus, filhos de Maria e
de José.
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Notas de José Pedro Monteiro de
Almeida [Hélio não concorda com elas totalmentes]: