segunda-feira, 29 de julho de 2013

O QUE É IDOLATRIA?

Evangélicos idólatras
23/04/2013 21:53

Quando o assunto é idolatria, talvez a primeira coisa que venha à nossa mente seja a adoração (ou veneração) de imagens de escultura. Mas, será que as definições que habitam nossa mente estão completas? Haveria algo mais que pudéssemos considerar idolatria? Há conceitos sobre idolatria que extrapolam a objetividade bíblica? Um evangélico, que não adora imagens de escultura, pode ser idólatra?
Essas são as questões que pretendemos responder neste artigo.

Idolatria em seu sentido mais conhecido
A noção mais conhecida sobre idolatria diz respeito às imagens de escultura que reproduzem figuras do céu, da terra e do mar (Ex 20:4).
Quando Deus estabeleceu seus mandamentos exigiu que o homem o tivesse por único Deus, abolindo qualquer prática dos outros povos, como os egípcios, que adoravam deuses diversos, inclusive possuindo suas imagens de escultura.

Idolatria em sentido construído por textos indiretos
Há quem amplie o conceito de idolatria de modo a incluir tudo aquilo que toma o lugar de Deus na vida do homem, sejam coisas, pessoas ou instituições. Nesse sentido, qualquer pessoa pode ser idólatra, inclusive os evangélicos.
Nessa concepção, o que caracteriza a idolatria é disposição do coração em relação àquilo que está ocupando o lugar que deveria estar reservado a Deus. Para dar suporte a essa interpretação, utiliza-se o texto em que Jesus afirmou que aquele que ama o pai, a mãe ou os filhos mais do que a Ele não era digno Dele (Mt 10:37). Soma-se a essa passagem as afirmações bíblicas sobre nosso dever de amar a Deus de todo o nosso coração.
Entretanto, é bom que se observe no texto indicado que Jesus não fez referência à idolatria. Jesus não disse que ao darmos mais atenção a outras coisas do que a Ele seríamos idólatras. Apenas afirmou que a dedicação às outras causas não deveriam se sobrepor à dedicação a Ele, uma vez que Ele nos colocou acima de sua própria vida. E ao valorizarmos mais outras coisas do que a Ele, estaríamos desvalorizando seu ato de entregar a sua vida por nós.
De fato, Deus e Jesus devem ocupar o lugar central em nossas vidas (Dt 6:5 e Mt 22:37), mas devemos ser cautelosos ao estendermos o conceito de idolatria a algumas situações sem que tenhamos uma fundamentação bíblica objetiva.

Idolatria em sentido deturpado
Há quem diga que desobediência é idolatria. Creio que essa afirmação não se sustenta em fundamentos lógicos. O texto utilizado para tal afirmação é o de 1 Samuel 15:23:
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” (1 Samuel 15:23 RA)
Note-se que o texto faz apenas comparações de coisas semelhantes em suas origens ou consequências, mas não afirma igualdade em sua essência. Ora, rebelião não é feitiçaria, mas “é como”, ou seja, é apenas semelhante. Semelhante não é igual. Por exemplo: João se parece com José, mas João não é José. Ainda que João e José sejam gêmeos idênticos, um não é o outro.
Então, em que a rebelião se assemelha à feitiçaria? Em suas origens: tanto a rebelião como a feitiçaria procedem do Diabo.
De igual modo, obstinação (teimosia no erro) não é idolatria. Um “é como” o outro. Em que são semelhantes? Em suas consequências: ambos afastam o homem de Deus.
É de se notar que quando a bíblia afirma uma igualdade, faz isso com clareza. E quando o assunto é idolatria, por exemplo, a palavra de Deus nos diz objetivamente o que é idolatria, pois Deus não é Deus de confusão (1Co 14:33).

Idolatria em sentido ampliado por texto bíblico objetivo
Diferentemente do que ocorre com a ampliação de sentido forjada por construção de entendimentos indiretos, há uma ampliação de sentido que a própria bíblia admite de modo objetivo, senão vejamos:
“Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;” (Colossenses 3:5 RA)
Como podemos notar, a interpretação do texto é simples: avareza é idolatria. Não se afirma que avareza “é como” idolatria (semelhante). Também, não se afirma que a avareza leva à idolatria (conseqüência). A conclusão lógica: o avarento é um idólatra.

A idolatria evangélica
Se a questão da idolatria estivesse ligada exclusivamente ao ter (“não terás” – Ex. 20:3), ao fazer (“não farás” – Ex. 20:4) e ao adorar (“não adorarás” – Ex. 20:5) imagens de escultura, então poderíamos afirmar, sem sobra de dúvida, que os evangélicos não são idólatras, uma vez que eles não têm essa prática.
Já no sentido ampliado que inclui tudo aquilo que toma o lugar de Deus na vida do homem, sejam coisas, pessoas ou instituições, qualquer pessoa pode ser idólatra, inclusive os evangélicos.
Tomando em consideração o sentido deturpado da idolatria (desobediência), qualquer membro de igreja pode ser considerado idólatra, até mesmo por questionar uma doutrina local. Promover tal entendimento só interessa a quem deseja praticar o terrorismo cristão.
Mas, deixando de lado tudo aquilo que não seja verdadeiro e claramente demonstrado pela palavra de Deus, vamos explorar apenas a amplitude admitida objetivamente pela bíblia – a avareza é idolatria.
Para que possamos saber se é possível que um evangélico seja idólatra, basta considerarmos a possibilidade de haver evangélicos avarentos e gananciosos.
Quando eu decidi fazer essa investigação, observei que no meio evangélico há muitas pessoas gananciosas, enriquecendo às custas do evangelho. Não tenho nada contra ser rico, mas acho inconveniente que essa riqueza decorra da arrecadação da igreja, muitas vezes composta de pessoas pobres. Não estou recriminando os pastores que vivem do evangelho, já que isso é bíblico. Mas, fico incomodado ao ver a desproporcionalidade entre o salário do pastor e o salário médio dos membros da igreja.
Por outro lado, notei que algumas igrejas são avarentas, explorando seus fiéis, ensinando que mais bem aventurado é dar do que receber (At 20:35), enquanto elas mesmas são incapazes de dar alguma coisa aos seus membros, mesmo quando necessitam de socorro material. Se há alguém passando necessidades em seu meio, ela estimula os membros a exercitarem o amor e a fazer uma “vaquinha” para ajudar o irmão necessitado, enquanto ela mesma, sentada no cofre, não entra nem com um tostão, a título de exemplo. Afirmam que sua parcela de contribuição está na Fundação que mantêm, de modo que isso leva a consciência das pessoas para um lugar distante. Mas, na prática, as pessoas não conseguem ver o resultado dessa ação social no local em que estão, uma vez que quando há alguém necessitando de auxílio material é o próprio grupo de irmãos que tem de socorrer.
Vejamos, pois, o que a bíblia nos fala sobre a avareza:
O líder temente a Deus não pode ser avarento:
“Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez;” (Êxodo 18:21 RA)
“Porém seus filhos [de Samuel] não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos, e perverteram o direito.” (1 Samuel 8:3 RA)
“O príncipe falto de inteligência multiplica as opressões, mas o [príncipe] que aborrece a avareza viverá muitos anos.” (Provérbios 28:16 RA)
Líderes falsos conduzem seus liderados à avareza:
“1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. 2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; 3 também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.” (2 Pedro 2:1-3 RA)
A igreja idólatra (Babilônia) é avarenta:
“12 Arvorai estandarte contra os muros de Babilônia, reforçai a guarda, colocai sentinelas, preparai emboscadas; porque o SENHOR intentou e fez o que tinha dito acerca dos moradores da Babilônia. 13 Ó tu que habitas sobre muitas águas, rica de tesouros! Chegou o teu fim, a medida da tua avareza.” (Jeremias 51:12-13 RA)
A avareza é própria do homem maligno e carnal, gerando idêntica condenação:
“cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores,” (Romanos 1:29 RA)
“5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; 6 por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” (Colossenses 3:5-6 RA)
“tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração exercitado na avareza, filhos malditos;” (2 Pedro 2:14 RA)
A disposição do coração de um cristão deve ser contrária a toda e qualquer avareza e ganância.
“Então, lhes recomendou [Jesus]: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (Lucas 12:15 RA)
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hebreus 13:5 RA)
O “Corpo de Cristo” deve ser generoso e não avarento.
“Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade e não de avareza.” (2 Coríntios 9:5 RA)
Assim, se entendemos a real amplitude da idolatria, ao identificarmos em nossas vidas, em nossas lideranças ou em nossas igrejas sinais de avareza, devemos tomar para nós as mesmas advertências que costumamos fazer àqueles que adoram imagens de escultura.
“Portanto, meus amados, fugi da idolatria.” (1 Coríntios 10:14 RA)
Em 24 de novembro de 2009
Pr. Sólon Lopes Pereira


Leia mais: http://www.celeiros.com.br/news/evangelicos-idolatras/

Nenhum comentário:

Postar um comentário